As Leis Sistêmicas

Talvez pareça difícil, mas as leis que são usados nessa maravilhosa forma de ver a vida (sistemicamente) são bem simples e que todas as famílias deveriam seguir, o que acontece é que são distorcidas. Conheça um pouco de cada uma delas:

 

Hierarquia ou ordem

O conhecimento sistêmico traz à luz o que sempre existiu e vai continuar existindo: hierarquia ou ordem.

Ninguém inventou esse conceito, ele existe por uma questão simples, é ele que possibilita um “lar” saudável. É uma lei universal, que independe da vontade ou desejo seu ou meu.

Se dar bem nem sempre significa que a família está em ordem, muito menos que o amor não seja doentio ou cego. A desordem acontece no “inconsciente” e as consequências são vividas no dia a dia.

Perceba se algumas sensações ou sentimentos passam pela tua família, nem que seja alguns resquícios:

  • Sensação de não pertencer aquela família;
  • Dor ou vazio interior;
  • Não ter força para sair de relacionamentos abusivos;
  • Dizer sim para tudo e todos;
  • Se responsabilizar por um ou vários membros da família;
  • Não ter força para construir uma família;
  • Se colocar em último lugar (servir a todos e comer por último; priorizar os filhos e não cuidar de si; doar-se a ponto de adoecer);
  • Não permanecer em nenhum relacionamento amoroso.

Quando entendemos que cada um precisa ter o seu lugar e permanecer nele, a vida começa a fluir. A lei da hierarquia ou ordem, significa que antes de você vieram outros, eles chegaram primeiro e para você estar aqui foram necessárias inúmeras pessoas (pais, avós, bisavós, trisavós).

Os problemas acima destacados surgem quando você se coloca no lugar de outro, por exemplo, no lugar da mãe, do pai, de um irmão, ou ainda, não respeita esses que vieram antes.

 

Pertencimento

“Todos que pertencem ou um dia pertenceram à família têm o mesmo direito de pertencer a ela”. Quando um membro é privado ou negado deste pertencimento, isto causa uma desordem com consequências profundas.

Por exemplo: quando um membro da família é assassinado, este também pertence ao sistema e tem um lugar único. Sophie Hellinger traz o ‘aborto” como o meio mais difundido de assassinato.

Mesmo que não tenhamos entendimento, existe uma força que une todos os membros de um sistema e por um senso de ordem e equilíbrio que acaba influindo em todos. Quem é unido e guiado por essa força e quem é contemplado por esse senso pertence ao sistema, que normalmente são:

  1. Todas as crianças, incluindo as abortadas, as que partiram, as natimortas, as entregues para adoção e as esquecidas. Meios-irmãos também contam como membros integrais da família.
  2. Os pais e seus irmãos de sangue, incluindo os abortados, os que partiram, os natimortos, os entregues para a adoção e os esquecidos.
  3. Ex-companheiros dos pais.
  4. Os avós, mas sem seus irmãos, embora haja exceções nesse sentido.
  5. Em casos excepcionais, também os ex-companheiros dos avós.
  6. Todos cuja morte ou perda precoce proporcionou algum benefício aos membros da família e se desse modo contribuíram para a sobrevivência da família atual e de seus descendentes.
  7. Se membros da família foram culpados pela morte de outras pessoas, suas vítimas também pertencem à família.
  8. O contrário também é verdadeiro: se na família houve vítimas de assassinos externos, estes também pertencem à família.
  9. Se a família obteve alguma vantagem em detrimento de outrem, o prejudicado também pertence à família.

O clã familiar abrange tanto os vivos quanto os mortos, em geral até a terceira e às vezes até a quarta e quinta geração anterior. Ninguém quer ser separado de sua família pela morte, pois com ela perdemos a vida atual, mas nunca perdemos nosso pertencimento à família. Em muitas situações, a consciência coletiva quer até mesmo trazer os membros de volta para a família.

 

Equilíbrio dar e receber

A ordem de dar e receber nos é determinada por meio de nossa consciência. Quando tomamos ou recebemos alguma coisa de alguém, sentimo-nos obrigados a compensá-lo de maneira correspondente. Somente depois que fazemos isso é que nos sentimos livres novamente. A dependência deixa de existir, e ambos podem seguir seu caminho.

Porém, quando a restituição é insuficiente, a relação continua a existir em duplo sentido: o primeiro beneficiário sente-se em dívida com o segundo, que, por sua vez, ainda espera algo dele.

Exemplo no relacionamento de casal: quando recebo algo de alguém que amo, restituo-lhe mais do que o equivalente. Assim, o outro se sente novamente em dívida comigo e me restitui um pouco mais. Surge um movimento crescente positivo, e o relacionamento ganha profundidade e amor.

Contudo, ocorre uma desordem quando sempre dou mais ao outro do que ele pode restituir. Desse modo, a relação perde seu equilíbrio. Como consequência, aquele que recebeu em excesso se aborrece e deixa a relação com desculpas esfarrapadas.

Apenas na relação entre pais e filhos a compensação entre dar e receber é anulada. Os filhos não podem compensar o que os pais lhes dão. Realizam essa compensação mais tarde, dando a seus próprios filhos.

Os pais também não devem exigir de seus filhos a compensação por aquilo que deram (pouco ou bastante), pois isso traz uma “desordem” no sistema. O mais sensato é que os pais entreguem aos filhos, estes recebam de bom grado, entendendo que é suficiente e que cresçam, vivam, construam sua própria vida, conquistem o que quiserem e na velhice dos pais ou algum infortúnio, encontrem a solução mais saudável de cuidados àqueles que, por amor, geraram vida.

Fonte: Compilado de vários livros de Bert Hellinger